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quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Desertos

Alguns momentos da minha vida me vi só, não falo do convívio de pessoas, mas por não ter vida alguma por perto. Sei que parece estranho a maneira que falo, mas estava cercado de pessoas em que não conseguia encontrar vida nelas, por mais que elas tivessem.

Chamo esses períodos de deserto, pois precisava passar por ele sozinho, não haveria ajuda de ninguém, amigo nenhum por exemplo. O mais difícil foi reconhecer que estava nessa situação, muitas vezes tive que cair feio, ou na tempestade de areia viesse e me fizesse enxergar quão mal eu estava.

Depois de me reconhecer no deserto, comecei a ver os dias passarem devagar, nada adiantava, ficava desapontado em andar e nada além de nada eu ver. Por vezes aquele monte de areia ficava bonito, o sol não era tão ruim, eu estava cansado e acostumei-me com aquela situação. E o que dizer das miragens, tão lindas, e depois... Desespero.

O desespero parece não ter fim, o corpo apenas anda e morre todos os dias, assim como minha esperança. Até que a vida me ofertava doses de forças para seguir. Um pássaro, outras vezes vinha uma brisa leve que acalentava e animava-me e seguia meu caminho.

Perguntei-me se este era o caminho certo, chorei por não obter respostas e os montes de areia iam aumentando e ia ficando maiores pelo meu cansaço e a sensação de que nada fazia para melhorar o mundo que me cercava, amigos e parentes falavam, aconselhavam, mas não era o que precisava.

E de repente, no extremo do dia, no auge do calor e do meu cansaço, vi o oceano, pensei até que fosse mais uma miragem, mais um delírio. Corri, mesmo com o corpo extremamente cansado. E nos passos finais cai de joelhos, fiz uma prece e pedi forças para chegar... o corpo tremia e a respiração ofegante e o coração muito acelerado.

E alcancei a água, a sensação libertadora foi indescritível, recebi minhas respostas ali. Chegava ao fim à caminhada, o sal de meus olhos misturava-se com o do oceano, éramos um agora, eu era maior que deserto, era infinito. O fim do deserto se mostrou quando me tornei mar, me tornei infinito.
Depois de vencer esse, vieram outros desertos, maiores e mais cruéis, mas a sensação de ser infinito me levou e me leva para ir além do que posso imaginar.


Sim, os desertos todos têm fim, mas nascemos para sermos infinitos como o oceano.

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